22 junho 2009

Bobagens.

Há tempos aprendi o quanto é importante estar acordada. E naquele dia se me dissessem eu não acreditaria. Trinta e tantas horas de olhos abertos, e desde então assim é que levo a minha vida.
Caminho sabendo que existe hora para quase tudo, só não para dormir. Posso bocejar, posso me cansar, posso me desapontar, desesperar e até chorar. Mas só durmo depois que souber que apenas estou indo dormir.
Nada me para. Sei dos meus limites e isso ainda me impede de fazer o que desejo. Não de uma maneira triste, mas de uma maneira dolorida.
A todo momento tento seguir meu coração, penso que sigo. Mas as horas que não se vê nos relógios badalam: Não, agora você não pode! Não tem! Não agora! Agora não! E as batidas fogem do compasso.
Mas o relógio continua seu percurso e espero para dizer após algumas voltas o que comecei a dizer já há algum tempo: A minha hora, eu sei vai chegar.
Chego a pensar que deveria abandonar essa hora, porém seria o mesmo que deixar esse agora. Sei que desde que nasci construo esse agora, então repenso: Preciso de tudo isso, não me isolo, sou tudo isso.
Preciso andar pelas ruas a sorrir e a chorar. Preciso caminhar, saber o que gosto. Sentir-me feliz e refletir felicidades. Compartilhar com quem assim desejar. Quantos e quantas? Vezes vou ler olhares.
Já não me importa se saberei ler, se saberei dizer. Sempre sem saber, de diversas formas eu vou sempre responder.
Respondo ao que sinto, ao que ninguém sentiria diferente. Apenas se não a sentisse. Em algumas horas não sentirei, também sou alguém que não se importa com bobagens. Todos têm, todos sabem que bobagens contadas... Não são bobagens. E nós nos importamos, caminhamos com elas, respondemos a elas, dormimos e acordamos com elas para um dia dizer: É bobagem!
Mas bobagens contadas...
São maneiras de ler, de saber, de sentir e de refletir: Que há horas não durmo por momentos como os de agora e os de tantas outras voltas.

Valéria Sasso. 21.06.2009 23h13

20 junho 2009

Não me leve de mim. Leve-me até mim.

Pedido
Eu não quero que você seja eu,
Eu já tenho a mim.
O que quero é que você chegue
Com seu poder de chegar
E de me devolver pra mim.
Que você chegue com seu dom
De também me fazer chegar
Perto de mim...
Pra me fazer ver o que sou e que só você viu.
Pra eu ser capaz de amar também
O que só você amou.
Eu não quero que você seja igual a mim.
Eu já tenho a mim.
Não quero construir uma casa de espelhos
Que multiplique a minha imagem por todos os cantos.
Quero apenas que você me reflita
Melhor do que julgo ser.
(Padre Fábio de Melo)