04 fevereiro 2009

Divirta-se no parquinho da Av. Kennedy.

E os passos tinham que ser largos, já não sei se pelo tamanho das pernas ou se por vergonha. Quem mais poderia caminhar nas ruas de um parque com mochila nas costas e capacete rosa nas mãos?
Acho que as duas coisas, ou uma só não importa o motivo é o mesmo. Pernas de adulto são grandes por isso dão passos largos; e vergonha? Ah... vergonha por isso... só sendo adulta mesmo!
Os passos largos me trouxeram para cá, um banco de praça branco que sentada posso avistar um parquinho e exatamente onze crianças brincando, oito meninos e três meninas.
Aonde será que estão as outras meninas desta idade? Devem estar em suas casas, assistindo novela, desenho, ou brincando de boneca.
Que lembrança boa tenho eu daquela idade, ela ainda vive aqui nos meus pés e coração.
E o que será que minhas pernas vieram buscar aqui? Penso que minhas pernas não andam sozinhas.
Talvez eu precise viver mais assim, como quando criança.
Brincar é o mais importante, perto disso só os que estão fazendo a mesma coisa.
Na minha frente, uma casinha com um túnel.
Imagino eu hoje na frente desse túnel e confesso: Não passaria por ele sem medo.
Hoje prefiro a ponte onde posso escolher uma das três escadas e descer em qualquer outra.
Prefiro brinquedos abertos, altos, com certeza procuraria esses.
Veja só o balanço que antes me levava as alturas, agora, só de olhar me enjoa.
Tudo isso porque cresci. Será mesmo que cresci?
Onde está minha coragem?
Parece que vai chover e só saio daqui quando encontra-la.
E um pequeno sorriso acaba de tomar conta do meu rosto.
O escorregador. A forma mais correta seria suba pela escada e depois escorregue de peito e braços abertos. Divirta-se.
Suba e escorregue quantas vezes precisar, mas faça isso se divertindo.
E um garotinho de no máximo quatro anos de idade tenta fazer o contrario, ele quer escalar o escorregador, subir e chegar ao alto.
Mas parece que assim só é divertido nas primeiras subidas, ele sorriu algumas vezes que conseguiu e escorregou novamente. Logo cansou, assim descansou e percebeu que subir escadas, um degrau por vez. Apenas um degrau por vez. Um passo. Um segundo.
De braços abertos, de costas, de lado, de bruços... escorregar é muito mais divertido.
Agora pode chover.
Há quanto tempo procurei coragem em meus medos, se o que tenho é medo e vivo subindo e escorregando.
Achei você está aqui.